Óbidos, uma cidade no coração da amazônia brasileira, recebeu pela quinta vez consecutiva os voluntários do Projeto Amazônia, provenientes de seis Estados brasileiros e uma jovem do Equador. Hospedados em diversas casas eles foram acolhidos pelas famílias com grande delicadeza típica dos paraenses. No que diz respeito à adaptação ao clima, por exemplo, providenciaram ventiladores, sucos das frutas regionais e água.
Este ano foi realizada uma campanha para conseguir doações e, graças a generosidade de muitas pessoas em vários Estados, foram doados medicamentos específicos para a necessidade da região, aparelhos e fitas para medir a glicemia, kits para higiene bucal, macas, balanças, brinquedos, flautas, roupas e livros infantis. A Providência se manifestou também por meio do empenho e trabalho de muitas pessoas. Em diversas cidades esse material foi embalado e, depois, as mais de 200 caixas foram levadas gratuitamente pela Aeronáutica até Belém. A comunidade de Belém se ocupou em retirar as caixas e despachá-las via balsa: esse transporte para Óbidos também foi gratuito.
No primeiro dia houve um retiro no qual foi aprofundado o fundamento do Projeto: responder o apelo da CNBB para ajudar na evangelização – segundo o carisma da unidade – nesta vasta região.
Todos os dias, antes das atividades, os participantes se reuniam e faziam um momento de reflexão sobre a “Arte de Amar” segundo Chiara Lubich. Em seguida um grande dado era lançado para saber qual a frase a ser vivida durante o dia. Este dado foi levado para todas as comunidades e as crianças foram reunidas para ouvir a explicação da “Arte de amar”. Em seguida uma delas lançava o dado. Depois cada uma recebia uma fotocópia do dado para colorir, recortar e colar.
Nas seis comunidades – duas na periferia de Óbidos, uma isolada na floresta, duas às margens de lagos e uma na margem do rio Amazonas – foram visitadas 339 famílias, muitas são evangélicas e a atitude de escuta por amor gerou uma atmosfera na qual o Evangelho foi o ponto central da conversa. A Palavra de vida deste mês “De graça recebestes, de graça deveis dar” foi a referência para as visitas e foram deixados 580 folhetos nas casas. Três enfermeiras e uma professora de educação física – para dar dicas de exercícios físicos – foram nas casas das pessoas que, por motivo de saúde, não conseguiram ir ao lugar de atendimento. Uma senhora, ao ser atendida, disse: “Eu estava rezando, pedindo a Jesus para que eu pudesse ir a uma consulta médica. Ele me atendeu por meio de vocês”.
Fomos recebidos de maneira calorosa nas comunidades! Foi preparada pelos líderes locais a triagem para o atendimento médico e odontológico. O almoço e lanche, servidos com esmero demonstravam a acolhida bem preparada. Em uma delas foi servido peixe, pato e galinha caipira e doces: doações das famílias locais.
Entre os voluntários do Projeto, desde o início, havia uma grande disposição para ajudar no que fosse preciso: carregar as caixas com o material, colaborar com os médicos e enfermeiras para organizar a grande quantidade de remédios, preencher a ficha para o atendimento médico, ensinar às crianças a maneira correta de fazer higiene bucal, palestras sobre nutrição e hábitos alimentares, promover rodas de conversas e dedicar o tempo necessário para ouvir quando uma pessoa havia necessidade de uma conversa em particular, promover jogos e brincadeiras com as crianças, fazer turnos nos horários das refeições para não interromper o atendimento.
A presença de cinco enfermeiras que aferiam a pressão arterial, pesavam crianças e adultos e faziam o teste de glicose e contribuiu muito para agilizar o atendimento médico. Foram atendidas 722 pessoas entre crianças, jovens e adultos que, após a consulta, recebiam os remédios necessários.
Quanto ao atendimento odontológico foram atendidas 68 pessoas e realizados 100 procedimentos. Em todas as comunidades foi explicado às crianças, 400 no total, a maneira correta de fazer a higiene bucal e elas receberam um kit: fio dental, escova e pasta.
Os participantes do Projeto tiveram a oportunidade de viver dois momentos marcantes: a cerimônia da entrega das chaves do Barco Hospital Papa Francisco e, dois dias depois, visitaram o barco com as devidas explicações de um frei franciscano.
Outro momento marcante foi a conversa com o bispo local, Dom Bernardo. Todos os participantes disseram como estavam vivendo aqueles dias, evidenciando a disposição de amar cada pessoa que encontravam. Ele ficou feliz e deu algumas sugestões e diretrizes para a continuação do Projeto.
No último dia dedicamos a manhã para fazer a avaliação do Projeto e a tarde organizamos os remédios que não foram distribuídos nas comunidades para serem doados no hospital: as 13 caixas e uma balança foram recebidas pelos freis com muita alegria!
Palavras de alguns participantes: “No início do Projeto eu me dispus a ouvir as pessoas. Não só preencher a ficha da triagem médica, mas, acolher cada pessoa com uma atitude de vazio interior. Foi uma oportunidade para ouvir as pessoas por amor. Saí da minha situação de habitante de cidade grande e amar as pessoas que encontrei aqui. Volto para casa renovado”.
“Há muito eu não sentia a presença de Deus como estou sentindo nesses dias. É difícil constatar que as pessoas não têm acesso ao mínimo indispensável para cuidar da saúde e poder fazer alguma coisa por elas é gratificante”.
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